O canto ao baldão é uma prática oral caracterizada por uma fala poética, criada no momento e apresentada de forma cantada, utilizando como suporte musical a melodia de uma moda campaniça.
Um desempenho de cante ao baldão envolve um número reduzido de cantadores (quatro a dez), um publico conhecedor das regras de construção poética e do contexto social dos cantadores, um local específico para a actuação e ainda de um assunto (um afundamento) em torno do qual se discute. O acompanhamento harmónico de um tocador de viola campaniça é considerado um elemento importante mas frequentemente prescindível. Trata-se de uma prática essencialmente masculina, embora existam raras excepções.
No cante ao baldão, os cantadores adoptam uma disposição fixa, sempre sentados à volta de uma mesa, onde são colocadas bebidas e petiscos. Nas pausas bebem e comem. Os tocadores de viola campaniça são dispostos em lugares centrais da mesa permitindo a todos os cantadores ouvirem a viola. Uma performance dura geralmente várias horas, e, segundo a opinião dos cantadores no inicio a qualidade quer musical quer poética não é aceitável, apenas com o decorrer do desempenho se desenrola um fio condutor do/s assunto/s em discussão e se pode classificar como bom cante.
Os locais de desempenho são preferencialmente ambientes de convívio, onde as pessoas conversam, comem e bebem; tascas, cafés, casas particulares, feiras, romarias e festas em contexto público ou privado.
Estão situados quase sempre nas freguesias de origem ou de residências de cantadores (Amoreiras-Gare, S. Martinho das Amoreiras, Corte Malhão, Santana da Serra, Garvão, Casével, Ourique – Gare, Grandaços, Castro Verde), fora destas freguesias raramente se organizam performações destes cantes.
O cante ao baldão desenrola-se a volta de uma mesa onde estão maioritariamente homens; apenas uma mulher surge nesses cantes e é geralmente aceite por parte dos cantadores homens.
Cante ao baldão, uma prática de desafio no Alentejo
Preço: 15 €
Autor: Maria José Barriga
Este livro constitui um estudo etnomusicológico do cante ao baldão, uma das práticas de cantares ao desafio em Portugal. O cante ao baldão terá começado a ser praticado nos finais do século XIX no concelho de Odemira e nos meados do século XX assistiu a um período de florescimento, estendendo-se a algumas freguesias dos concelhos vizinhos ( Ourique, Castro Verde e Almodôvar). Durante as décadas de 1960 a 1980 sofreu uma forte diminuição de actividade devido a factores sócio-económicos e políticos (desemprego, emigração) nos concelhos em que era praticado.
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